quarta-feira, 18 de julho de 2012

TERRA FIRME: UM TERRITÓRIO DE EXCLUSÃO E DE VIDA

    Neste ultimo Sábado, dia 16/07, foi a vez do bairro da Terra Firme receber a vista da Frente Belém nas Mãos do Povo (PSOL, PSTU e PCdoB) e da Frente de Esquerda (PSTU e PSOL). Com receio e esperança os moradores e trabalhadores receberam os candidatos a prefeito e vice-prefeito e os candidatos a vereadores da frente. Abandonados pela administração municipal os moradores conversaram com os candidatos, em busca de soluções para os diversos problemas que o bairro tem que enfrentar no dia a dia.

   Um dos bairros mais populosos da capital, o Montese, mais conhecido como Terra Firme, ganhou esse apelido por ser formado por terras firmes e altas próximas à áreas alagadas pelo rio Tucunduba no limite dos bairros de Canudos e Guamá. Concentrador de boa parte da população de baixa renda da Zona Central, o bairro enfrenta problemas sérios como falta saneamento básico e a violência.
   O bairro da Terra Firme surgiu na década de 50 como consequência de uma expansão populacional, não acompanhada de planejamento urbano. Boa parte da população da área é composta por migrantes internos ou do Nordeste, em particular do Maranhão. Com a valorização da área central da cidade, boa parte da população pobre de Belém se deslocou para as áreas de baixada, que eram vistas como espaço de ocupação provisória. Hoje, a Terra Firme tem mais de 60 mil habitantes e se encontra com outro bairro ainda mais populoso, o Guamá, com mais de 100 mil moradores, onde proliferam as áreas carentes de infraestrutura e de serviços públicos, situação propícia para que se revelem a pobreza e a miséria. Cria-se, então, um locus estratégico para a manifestação do tráfico e, assim, da violência.
   No bairro aonde também se encontram instalada, áreas da Universidade Federal do Pará (UFPA), da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e do Museu Paraense Emílio Goeldi, os serviços públicos são elementares ou inexistem ou são precários: saneamento (drenagem e tratamento dos esgotos domiciliares, industriais e comerciais), fornecimento de água, coleta e tratamento de lixo. O mesmo canal que aproxima os produtores de hortifrutigranjeiros do arquipélago de Marajó, e outras regiões, é o mesmo possibilita o tráfico de drogas. Baixo nível de escolaridade, desemprego, subemprego e violência conformam a aquarela da pobreza. A renda familiar no bairro da Terra Firme oscila entre meio a dois salários mínimos. A informalidade absorve a maior parte da força de trabalho.
   De acordo com dados da Comissão de Justiça e Paz do bairro da Terra Firme, em Belém, situação de “abandono” na unidade de saúde da comunidade está insuportável. Segundo o movimento, a unidade atende hoje mais de 80 mil usuários e a falta remédios, vacinas, material para curativos e médicos suficientes para fazer o atendimento são problemas comuns enfrentados pelos moradores.

UMA POLÍTICA DE CRIMINALIZAÇÃO DOS POVOS

   Por conta da disputa entre grupos de traficantes a Polícia Militar do Estado afirma que há uma rivalidade constante entre bandidos, em especial traficantes, que buscam o domínio de área de comercialização de entorpecentes. Para conter essa violência, o governo do Estado implantou a 1ª UIPP(Unidade Integrada Pró-Paz) projeto semelhante as UPP’s do Rio de Janeiro.
   Com a implantação da base comunitária no bairro os índices de violência sofreram uma queda, em virtude da prisão dos principais traficantes que atuavam no bairro, entretanto houve um aumento considerável das queixas de abuso de poder, tortura, extorsão e até axecução. A falta de preparo por parte de políciais e guardas municipais e a política de criminalização dos movimentos fazem parte do governo de Duciomar (Prefeito, PTB) e Jatene (Governador, PSDB).
“Policiais torturaram o meu filho, porque ele estava de boné. Acharam que ele era bandido. Nós pedimos mais respeito para as famílias da Terra Firme, porque sofremos muita discriminação”, relatou a mãe de um jovem de 12 anos.
   A líder comunitária do bairro, Fafá Aguiar, falou da violência que, para ela, é resultado da ausência do Estado e do Município. “O problema é que se investe em polícia e isso não vai resolver. Tem que investir em educação, saúde e cultura para poder mudar essa realidade”.
Muito mais do que um lugar onde mora gente pobre, gente que rouba, gente que mata, o bairro da Terra Firme é um lugar onde mora gente, com a mesma dor e a mesma delícia de serem o que são, como qualquer pessoa.

TERRA FIRME PARA OS TRABALHADORES!
   O candidato a vereador pelo PSTU, Cleber Rabelo, esteve presente também pela caminhada que percorreu a feira do bairro. Cleber conversou com feirantes e moradores apresentando suas propostas e colocando seu mandato a serviço das lutas e reivindicações dos moradores.
   Para Cleber, somente uma campanha limpa, construída pelos trabalhadores, sem o dinheiro dos patrões e empresários estará a serviço da população. Ele que também é trabalhador, operário da construção civil, conhece as mazelas sofridas pela população pobre. “Somente com comitês populares de bairro, com a população decidindo aonde irão ser aplicados os recursos, quando e como, conseguiremos atender os interesses na população”, destaca o líder do partido, que defende que 100% do orçamento municipal seja discutido e decidido em assembleia pelos usuários.

ACABAR COM FARRA E MORDOMIA COM DINHEIRO PÚBLICO
   Cleber também destaca que há um ressentimento grande da população com os políticos. Muitos deles aparecem somente em época de eleição, aperta a mão dos moradores, pedindo voto e quando eleitos sequer voltam pra agradecer, muito menos pra discutir com a população os problemas a serem enfrentado.
   Ele destaca que seu mandato será diferente, com bem menos recursos para sua campanha, diferentemente dos políticos tradicionais, ele já está costumado a fazer caminhadas e reuniões com lideranças do bairro durante os meses do ano, e não somente em época de eleição. Outro fator que ocasiona esse afastamento dos eleitos da população e que Cleber quer acabar, são os privilégios concedidos aos vereadores que recebem uma verba de gabinete para o pagamento dos salários de seus assessores diretos, além de verba indenizatória, auxílio paletó, auxílio alimentação, auxílio gasolina, uma cota mensal de selos e ainda toda a sorte de suprimento para o gabinete.
   Cada vereador, além do salário, do gabinete, telefone, xerox e outras cotas mais, recebe uma verba indenizatória de R$ 8.250,00 por mês. Pagando tudo isso, os salários dos servidores, manutenção do cafezinho, do papel, do computador, a Câmara gasta por ano em média de R$ 36 milhões. Nos quatro anos de mandato, tempo de uma legislatura, o povo paga para que a Câmara funcione R$ 144 milhões. Cada vereador custa para o povo de Belém R$ 4,3 milhões ou R$ 1,08 milhão por ano. Este valor é equivalente a 6.271 bolsas família no valor máximo de R$ 172,00. Todo esse dinheiro pra quê? Pense antes de votar

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