As cenas após a passeata que reuniu
cerca de 5 mil manifestantes pelas ruas de Belém ficaram mais uma vez marcadas
pela forte repressão policial e uso excessivo da força nas mobilizações que
varrem o país. O protesto que iniciou de forma tranquila e organizada seguiu a
Av. Nazaré, dobrou na Av. Pres. Vargas e
seguiu pela Castilho França até a Prefeitura de Belém.
Na porta da Prefeitura uma comissão
entregou ao chefe de gabinete do Prefeito um documento com as pautas e reivindicações
do movimento, solicitando audiência pública para discussão dos problemas da
cidade.
Infiltrados participam dos atos para incitar e delatar manifestantes.
Foto: Divulgação Câmeras da polícia |
A equipe de comunicação do Jornal
Opinião Socialista que estava cobrindo a manifestação identificou diversos “P2”
(policiais à paisana) infiltrados na manifestação com celulares enviando
informações ao comando de policiamento. Teve um, inclusive que agarrou um
manifestante pelo pescoço e o entregou à polícia alegando que o mesmo
encontrava-se com um suposto coquetel molotov feito com garrafa de água
mineral. Tumultuadores infiltrados também no meios das pessoas, incentiva
claramente o confronto com policiais para desmoralizar o movimento.
Um forte esquema de espionagem e monitorização
do trajeto do ato também foi montado segundo os órgãos oficiais do governo,
câmeras filmam o trajeto do ato e qualquer pessoa “suspeita” é rapidamente abordada
e revistada.
No apagar das luzes a polícia entra em cena para atacar os manifestantes.
Após a entrega do
documento, quando a mídia e os manifestantes estavam indo embora o Batalhão de
Choque da PM e a cavalaria protocolaram cenas de horror pelo bairro. As 5
pessoas que foram presas arbitrariamente - entre elas um professor acusados de jogar
depredação ao patrimônio. O clima esquentou, mas ficou acordado entre manifestantes e a polícia
que todos eles iriam pra delegacia próxima a prefeitura, junto com os presos.
Em seguida, apareceram alguns
representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Defensores Públicos para
tentar negociar com o Movimento e a Polícia Militar. Após diversas propostas,
ficou definido que o micro-ônibus sairia em direção à DIOE da Cidade Velha,
porém acompanhado de manifestantes ao redor.
Mesmo sem atos de “vandalismo”, a
Ronda Tática Metropolitana - ROTAM aplicou o primeiro golpe no acordo. Assim
que as pessoas liberaram a saída do micro-ônibus, o veículo saiu em velocidade
contornando a Praça Felipe Patroni.
Algumas pessoas conseguiram cortar
caminho e voltaram a se colocar em frente ao micro-ônibus, a fim de garantir o
acompanhamento do Movimento no trajeto.
De forma incisiva, policiais da ROTAM
começaram a intimidar militantes utilizando gás de pimenta, taser (arma de
choque) e cachorros treinados, como eles, para atacar com violência.
Aos gritos, xingamentos e apontado
escopetas para todo mundo (um até foi empurrado com cano da arma), a tropa de
choque conseguiu dispersar as pessoas, agarrando muitas pelo pescoço, e abrir
caminho para o micro-ônibus, que seguiu pela Rua Ângelo Custódio.
“Era apenas o início da operação de
truculência e repressão gratuita organizada pela ROTAM. Ao tentar contornar o
cordão de isolamento formado na Avenida 16 de novembro seguimos pela Travessa
São Francisco para chegar até a DIOE e prestar apoio aos colegas que foram
presos. Porém, a ROTAM também já havia cercado os arredores da Avenida
Tamandaré para “conter” o final da manifestação. Com o trânsito bloqueado e a
imprensa bem longe, o caminho ficou limpo para ação do braço armado do Estado.
A ROTAM tocou o terror. Ao som de bombas de efeito moral, a multidão corria
desesperada para fugir do Batalhão de policiais que cantavam pneus na rua,
desciam no meio-fio e disparavam balas de borracha à queima-roupa em
manifestantes na calçada. Repressão covarde, injusta e injustificável” – relata através de sua página do Facebook, estudante que participava do protesto.
Repressão generalizada e criminalização principalmente de negros
Na rua São Francisco a tropa de choque e a cavalaria encurralou no
supermercado, e prendeu arbitrariamente dentro do supermercado, 5 ou 6 pessoas,
a maioria negras, Entrou uma tropa inteira aterrorizando quem havia se
refugiado no mercado.
“Mesmo após o fim do ato, eles estão
cercando, prendendo e atirando contra pessoas que andam na rua ou estão nas
paradas. As pessoas (militantes e nao militantes) que estão nos arredores do
Shopping Iguatemi (Patio Belém) estão vivendo cenas de medo e repressão.” –
relatou um dos jornalistas que participava do ato.
De acordo com as informações apuradas
os manifestantes presos teriam sido encaminhados ao DRCO (Divisão de Repressão
ao Crime Organizado) e estariam sendo indiciados por roubou, depredação ao
patrimônio público e formação de quadrilha. Até o fechamento dessa matéria não
houve notícias se eles já haviam sido liberados.
Jatene e Zenaldo, exigimos o fim da repressão e a negociação com o movimento!
Redução e congelamento das tarifas de transporte!
Passe-livre para estudantes e
desempregados!
Fim da repressão e criminalização dos
movimentos sociais!
Apuração imediata de abusos de poder
por parte da PM!
Atendimento a todas às vítimas da
repressão durantes os protestos!
Apuração imediata da morte de gari
Cleonice Viera!
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