As ruas de Belém foram novamente tomadas
pela juventude e por trabalhadores nesta quinta-feira (21/06). No total, 30 mil
pessoas se reuniram na Praça do Can, em frente à Basílica de Nsa. Sra. de Nazaré e
caminharam até a Prefeitura Municipal de Belém (PMB), exigindo do
prefeito, Zenaldo Coutinho (PSDB), a redução da tarifa de ônibus e passe livre
para estudantes e desempregados. O ato, pacífico em sua maioria, teve pontos
altos de tensão na chegada à PMB e acabou com forte repressão policial. O
resultado foi a prisão de cerca de 50 manifestantes, muitos feridos e a morte
de uma trabalhadora, atingida por bombas de efeito moral atiradas pela polícia.
Literalmente na contramão, os
manifestantes iniciaram o protesto na Avenida Nazaré. Já neste momento era
clara a aprovação e aceitação de várias pessoas que acompanhavam a manifestação
acenando e aplaudindo de suas casas. Como resposta, ouviam da grande massa das
ruas: “Vem, vem, vem pra rua, vem. Por passe-livre!”. Ao passar em frente à TV
Liberal, afiliada da Rede Globo, contudo, a pauta do transporte público deu
lugar à crítica contra a manipulação exercida pelos grandes meios de comunicação.
Mas as reivindicações não pararam por aí. A saúde doente, a educação reprovada
e o desenvolvimento a qualquer custo também foram questionados.
O bloco da ANEL e da CSP-Conlutas foi um
dos mais animados. Entoando palavras de ordem que iam além do canto do hino
nacional para denunciar os verdadeiros responsáveis pela falência dos serviços
públicos, o bloco foi inchando e contagiando diversos manifestantes no decorrer
do trajeto. Do tradicional “1,2,3,4,5, mil”, a ritmos irreverentes como funk,
Zenaldo, Jatene (ambos do PSDB) e Dilma (PT) foram colocados na parede.
Repressão
Passando as 18h, a passeata atinge seu destino. Não se sabe
ao certo como os ataques começaram. Alguns afirmam que Policiais Militares
começaram a jogar bombas a fim de dispersar os manifestantes, que por sua vez
revidaram com rojões e algumas pedras. Outras afirmam que a polícia agiu no
intuito de defender o prefeito Zenaldo Coutinho, ameaçado por alguns
manifestantes, quando tentava dialogar com a população concentrada em frente a
prefeitura.
De certo, repudiamos a ação truculenta da polícia e
responsabilizamos o governo Jatene por suas ações que culminaram na detenção de
dezenas de jovens e na morte de Cleonice Vieira de Moraes, depois de uma parada
cardíaca no Pronto Socorro Municipal do Guamá. Cleonice tinha 53 anos e
trabalhava no município como gari. Ela não estava na manifestação. Quando
atingida pelas bombas, estava trabalhando.
Não defendemos as ações de vandalismo praticadas por grupos
minoritários que depredam o patrimônio público a troco de nada. Acreditamos que
ações desse tipo, mais contribuem com a desmoralização do nosso movimento do
que com a construção de algo coerente. Mas não admitimos o vandalismo que os
governos impõem aos trabalhadores e à juventude pobre: destruindo hospitais,
escolas e transporte público com a falta de investimento. Estaremos com o povo,
em defesa dos nossos direitos e pelo direito a exercer nossa plena liberdade.
Amanhã
vai ser maior!
A onda
de repressão policial que se deu nos protestos em São Paulo, ao invés de fazer
o movimento retroceder só deu mais força às reivindicações dos jovens e
trabalhadores. Em Belém, não há de ser diferente. Somada à truculência da
polícia ainda está a intransigência do prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) que, em
entrevista ao Diário, afirmou que não vai reduzir o preço da tarifa de ônibus
do município. Mais uma vez, Zenaldo mostra a quem governa: aos empresários.
Reafirmamos nossa luta por um transporte público de qualidade, pela redução da
tarifa de ônibus e garantia do passe-livre para estudantes e desempregados.
Transporte público é direito e deve ser garantido pelo estado.
Exigimos
do governador Simão Jatene (PSDB) a punição exemplar dos policiais responsáveis
pela morte da gari!
Contra a repressão e a violência policial. Pela não criminalização dos movimentos sociais!
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