A ocupação da Câmara
Municipal de Belém (CMB) iniciada na tarde de segunda-feira (01/07) terminou
ontem com forte repressão policial. Estudantes e trabalhadores puderam
comprovar, mais uma vez, a serviço de quem a base aliada do prefeito Zenaldo
Coutinho (PSDB) governa. A maioria das emendas
apresentadas pelos vereadores da oposição de esquerda foram rejeitadas,
inclusive a que regia sobre gratuidade para estudantes e desempregados nos
transportes públicos da cidade.
Depois de mais de 24 horas ocupando as dependências da Câmara Municipal
de Belém, cerca de 200 pessoas permaneciam na galeria popular do prédio. Eles
aguardavam o término da votação do Plano Plurianual (PPA) e exigiam que fosse
posto em pauta para votação o projeto de Passe Livre para estudantes e
desempregados. Mesmo com alguns vereadores da bancada de oposição pedindo
inversão de pauta, para que o projeto de Passe-Livre fosse votado antes, a
bancada de apoio ao prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) se mantinha irredutível.
Por cerca das 11h, os manifestantes, cansados da enrolação da bancada
governista, tentaram avançar e ocupar o plenário. Mal chegaram à porta,
entretanto, e foram recebidos pela truculência da Guarda Municipal: spray de
pimenta, bombas de efeito moral e balas de borracha foram disparadas. Muitas
balas e bombas utilizadas estavam fora da validade, inclusive. O gás exalava
por todo o prédio. Nem os vereadores conseguiram permanecer no local e
interromperam a sessão. A partir deste momento, os manifestantes já estavam
fora da CMB e vários policiais cercavam o lugar. A sessão prosseguiu desta
forma: sem a participação popular, que foi expulsa da casa que se diz “do povo”.
Cerca de duas horas depois de retomada, a sessão seguiu com tumultos e
discussões que culminaram, inclusive, com a expulsão de um representante da OAB
que tentava negociar a entrada de alguns manifestantes no plenário. A votação
do Plano Plurianual foi concluída em minutos e reafirmou todos os pareceres
contrários às emendas propostas pela bancada de oposição.
Já na rua, os manifestantes ainda tentaram bloquear a saída dos
vereadores pelo estacionamento da Câmara. Uma nova onda de repressão aconteceu.
Mais bombas, spray de pimenta e balas de borracha vencidas. A ação truculenta
da polícia não dispersou o grupo de cerca de 100 manifestantes. Eles ainda
permaneceram no local até por volta das 16h e de lá seguiram para o mercado de
São Brás, onde montaram um acampamento e permanecem até o momento.
O vereador Cleber Rabelo repudia a ação truculenta da Guarda Municipal e
condena a atuação da maioria dos vereadores presentes na CMB no dia de hoje. “O
que aconteceu hoje na Câmara Municipal é um absurdo. Os vereadores da situação
passaram um rolo compressor nas emendas propostas pela bancada de
oposição, reforçaram a ação truculenta
da polícia e, ainda por cima, se deram um recesso até o dia 05 de agosto. Mas
nós não descansaremos. Enquanto eles estiverem nas praias, nós vamos estar nas
ruas, lutando por aquilo que é nosso por direito!”, afirmou Cleber.
Um novo protesto está
marcado para hoje, às 17h, em São Braz e o vereador confirma presença. “Nós
dizíamos, na época das eleições, que o nosso gabinete seria nas ruas. Hoje,
tenho certeza que provamos isso. Mas não fazemos mais do que nosso papel (...).
Afinal, a tarefa dos socialistas revolucionários é essa mesma: impulsionar as
mobilizações. E os desafio, como todos podem ver, está colocado.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário