Na semana passada, entrou em
pauta de votação o projeto de lei do vereador Cleber Rabelo (PSTU) que pretende
pôr fim à farra do tíquete alimentação que existe hoje na Câmara Municipal de
Belém. Atualmente, cada vereador recebe, além do salário de R$ 15 mil,
tíquete-alimentação mensal no valor de R$ 14 mil. Rabelo alega que a grande
maioria da população do município ganha muito pouco enquanto os políticos ganham
altos salários e desfrutam de várias mordomias pagas com o dinheiro público. O
projeto não tem data para ser votado e, mesmo com forte apoio popular, tem
grande chance de ser rejeitado.
Rabelo deu entrada no projeto
em fevereiro deste ano, ainda no início de seu mandato. Operário da Construção
Civil por 10 anos, o vereador afirma
saber o quanto é difícil o cenário e as dificuldades que a classe trabalhadora
enfrenta. “Só no Pará, 40% da população sobrevive com até um salário mínimo.
Estamos falando de 1,4 milhões de trabalhadores que gastam quase metade do seu
salário com alimentação. Enquanto isso, 35 vereadores do município de Belém movimentam
R$400 mil por mês com vale alimentação. Um verdadeiro absurdo”.
E a luta pelo fim das mordomias
e pela redução dos salários não abrange apenas os vereadores do município. O
projeto de lei inicialmente propunha reduzir os salários do prefeito e da
vice-prefeita que hoje são de R$18 mil e R$16 mil, respectivamente. “Nós
tivemos que desmembrar os projetos e hoje eles tramitam separadamente. Mas esta
também é uma briga nossa”. O vereador ainda
denuncia que o orçamento destinado ao gabinete do prefeito chegam a somar mais
do que os investimentos nas agências distritais de Outeiro, Icoaraci e
Mosqueiro juntas. “Enquanto a população dos distritos mais afastados do centro
sofrem com falta de saneamento, asfalto e iluminação, Zenaldo Coutinho (PSDB)
gasta um valor próximo a R$17 milhões em seu gabinete”.
Ainda que os números sejam
alarmantes e revelem uma enorme inversão de prioridades, é pouco provável que o
projeto seja aprovado. Os vereadores da casa, segundo Rabelo, não querem perder
suas mordomias, nem seu curral eleitoral. “As
pessoas que vão à câmara pedir remédios, por exemplo, porque não encontram nos
hospitais, ficam em dívida com o vereador que o ‘ajuda’. Em menor escala, o que
acontece é uma espécie de compra de voto. Os privilégios dos políticos
desmascaram o caráter do parlamento, que é uma instituição dos ricos e
poderosos, ou seja: da burguesia”.
Para ser aprovado, no entanto,
Rabelo aposta na mobilização popular. Uma campanha de abaixo-assinados junto à população nos
bairros, universidades, canteiros de obra e na internet foi feita e a intenção
é intensifica-la. “As mobilizações de junho provaram que é possível mudar. As
pessoas nas ruas derrubaram tarifas de ônibus e a PEC da impunidade. Aqui em
Belém, centenas de jovens ocuparam a Câmara de Vereadores exigindo passe-livre
para estudantes e desempregados. É com essa mesma garra e disposição que
devemos seguir”.
Assine aqui o abaixo-assinado
e fortaleça a campanha: http://goo.gl/Ja5g85
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