sábado, 15 de agosto de 2015

Vamos nacionalizar o exemplo dos 'gatos pingados' de Jacarezinho (PR)?

Nas últimas semanas ganhou destaque na imprensa a luta (e a conquista) do povo da pequena cidade de Jacarezinho, no norte do Paraná, pela redução dos salários dos vereadores. Após a provocação dos vereadores do município de votarem o aumento de seus próprios salários e de cadeiras na Câmara, acompanhado da chacota de um vereador que chamou de “gatos pingados” os manifestantes que protestavam contra os altos salários dos políticos, o povo de Jacarezinho se mobilizou massivamente e não só impediu o aprofundamento da farra dos vereadores da cidade, como também forçou a uma redução dos salários dos políticos do legislativo municipal de Jacarezinho, reduzindo de mais de R$ 6 mil para R$ 4200,00 os salários dos vereadores da próxima legislatura.  
Em Santo Antonio da Platina, outra cidade do Norte do Paraná, o povo mobilizado também conseguiu (antes de Jacarezinho, diga-se de passagem) impedir o aumento dos salários dos políticos e ainda conquistou a redução dos salários de pouco mais de R$ 3mil para menos de R$ 1 mil reais. Mobilizações com este mesmo objetivo já estão acontecendo em Lodrina (PR) e estão enchendo os olhos dos trabalhadores da maioria das cidades do país. Em São Paulo houve protesto contra o aumento dos cargos comissionados. 
Em junho deste ano, aqui em Belém, nosso mandato propôs através de um Projeto de Lei, a redução dos salários dos políticos de Belém dos atuais R$ 15 mil para pouco mais de R$ 6 mil (proposta que lamentavelmente foi rejeitada pelos vereadores de Belém), e na última semana denunciamos à imprensa e ao Ministério Público dois atos administrativos da presidência da Câmara de Belém que institui o ticket-combustível de R$ 2880,00 e aumenta o ticket-alimentação de R$ 700,00 para R$ 2450,00 dos assessores parlamentares.
Em tempos de aumento das demissões, de gigantescos escândalos de corrupção, de arrocho salarial, de privatizações, de corte de verbas públicas na saúde e educação, de inflação galopante nos alimentos e na conta de energia, é um absurdo inominável que os políticos de quase todos os partidos (PSDB, PT, PMDB, PROS, PSB, DEM, PPS, etc.) tenham a cara-de-pau de aumentar seus salários e privilégios. 
No capitalismo funciona assim: as grandes empresas e bancos financiam as campanhas milionárias da maioria dos candidatos que, depois de eleitos (normalmente após muita compra de voto e exposição exagerada na mídia), “retribuem” para os empresários o “investimento” com contratos, convênios, leis, isenções fiscais e muita corrupção. Vivemos em uma falsa democracia, em que o atual modelo de eleições são na verdade um jogo de cartas marcadas que servem para iludir a maioria da população e dar legitimidade para os patrões governarem e atacarem o direitos da classe trabalhadora e, assim, manterem sua dominação sobre os trabalhadores.
O movimento dos gatos pingados precisa e pode se nacionalizar. Uma luta nacional contra as mordomias dos políticas pode ser fundamental para derrotar a contrareforma politica que o governo Dilma e a oposição de direita estão impondo, tornando ainda mais anti-democrático o sistema político através da constitucionalização do financiamento empresarial de campanha e da aprovação de uma cláusula de barreiras que impede os partidos ideológicos como o PSTU de aparecerem na TV. 
O exemplo que vem do povo do Paraná nos enche de esperanças e deve encorajar os “gatos pingados” de todo o país. Os trabalhadores quando se organizam e lutam coletivamente conseguem superar o desânimo, o sentimento de impotência e a desesperança que abate sobre a maioria das pessoas quando se defrontam com a política como simples indivíduos isolados.
Vamos juntos subir nos telhados de todas as câmaras municipais, assembleias legislativas e do congresso nacional e miar bem alto contra as mordomias dos políticos e os ataques dos governos do PT, PSDB, PMDB e etc. contra os nossos direitos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário