sábado, 21 de novembro de 2015

O racismo e o drama dos refugiados haitianos no Brasil

No dia da Consciência Negra, o PSTU dedicou sua tradicional “Sexta Socialista” para discutir “o racismo e o drama dos refugiados haitianos no Brasil”. O debate aconteceu no Sindicato dos Trabalhadores da Construção civil de Belém e contou com a participação de vários ativistas e trabalhadores. Na mesa estavam Wellingta Macedo e Jean Machado, ambos da Secretaria de Negras e Negros do PSTU.  
Relembrar a história do Haiti tem uma importância muito grande, pois esta pequena ilha localizada no Caribe foi, ainda no século 18, palco da primeira e única revolução vitoriosa de negros escravizados. “Esta revolução resultou na libertação de milhares de negros escravizados, mostrou a capacidade de organização dos explorados e influenciou outras revoltas, como a própria Cabanagem, aqui no Pará”, disse Wellingta. Mas, de acordo com ela, o resultado desta grande vitória segue sem sua devida importância.  “A revolução hatiana foi uma grande ousadia, mas segue sendo apagado da história”, disse, afirmando que pouco se estuda a Revolução Haitiana nas escolas. Para ela, esta borracha na história é proposital. 
Passados tantos anos da revolução, o povo haitiano ainda vive uma triste realidade e um drama econômico e social, agravado com a intervenção militar que ocorre no país (e é covardemente apoiada e liderada pelo Brasil) desde 2004 e o terremoto que abalou o país em 2010, fazendo com que milhares procurem refúgio em outros países, como o próprio Brasil. Hoje, cerca de 40 mil haitianos vivem no país. 
“Mesmo passados tantos anos da revolução haitiana, o imperialismo continua cobrando dos trabalhadores, a fatura pela ousadia de lutar por liberdade. Isso explica a realidade vivida hoje”, explicou Jean. De acordo com ele, os haitianos que vêm para o Brasil a procura de melhores condições de vida se deparam com um cenário terrível. “Os problemas de trabalho, discriminação, o genocídio e a falta de documentação são apenas algumas das dificuldades vividas por eles. Sem falar na xenofobia, que também é parte do racismo”, disse. 
Para o vereador Cleber Rabelo (PSTU) este é um debate importante, principalmente no mês de novembro. “Novembro é um mês muito importante no combate às opressões. Não só pelos 320 anos de Zumbi; pelo Dia da Consciência Negra, mas também pelo dia 25, que é Dia Internacional pela não-violência à Mulher (...) Nesse sentido este é um debate importantíssimo para nós, do PSTU, sobretudo porque fazemos um recorte de classe”, disse. Rabelo explicou que os negros e negras foram historicamente oprimidos no Brasil e no mundo e que hoje seguem sendo dizimados. 
“Pode parecer longe, mas o Haiti é nas periferias de todas as cidades, onde jovens são assassinados pela violência policial;  em cada caso de violência contra as mulheres; na agressão aos LGBT’s; no racismo sofrido pelos trabalhadores e pela exploração extrema (...) a luta do dos trabalhadores é a luta do povo negro porque como bem dizemos: a revolução será negra, ou não será”.

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